STJ nega
pedido do Proifes e determina que o Andes-SN continue como representante
sindical dos docentes universitários federais. Atualmente, o Andes conduz
uma greve com adesão de cerca de 50 universidades.
Fonte: STJ
A decisão é da
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, nessa terça-feira
(29), julgou legal o ato do ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Brizola Neto,
que manteve o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes-SN) como representante de professores universitários federais.
O Andes-SN
disputa a representação com outras entidades, no âmbito do processo de registro
sindical. Em 2003, ele obteve o registro definitivo para representar docentes
de nível superior. Cinco meses depois, o ato foi suspenso, diante de impugnação
de outras entidades sindicais representativas dos professores de rede privada e
de recursos administrativos pendentes.
Em setembro de
2008, o Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal (Proifes)
requereu o registro sindical para representar os docentes do ensino
universitário federal.
Na sequência,
a Andes pediu ao MTE que restabelecesse seu registro sindical parcial, mantendo
a suspensão apenas na parte impugnada, referente aos professores da rede
privada. O pedido foi atendido, motivando o mandado de segurança do Proifes,
que foi negado pela Primeira Seção.
Unicidade
Para o
Proifes, o ato do MTE violaria seu direito líquido e certo porque resultaria,
ao final do processo de registro, na negação de sua representatividade
sindical. Para que o registro seja aceito, um dos requisitos é que não haja
outro sindicato no mesmo nível de outro preexistente.
Para o
ministro Benedito Gonçalves, porém, não há ilegalidade no ato do MTE. O
restabelecimento parcial do registro da Andes decorreu de requerimento desta e
não de ato de ofício do ministro, e a limitação da representatividade da Andes
quanto a professores de faculdades privadas não é definitiva, mas apenas
enquanto não haja resolução administrativa ou judicial sobre o conflito.
“Isto quer
dizer que o procedimento administrativo de registro sindical da Andes não teve
fim com a prática do ato impugnado, de onde se conclui não ter havido concessão
parcial de registro de forma definitiva, tampouco de alteração da base de
representação”, explicou o relator.
“Houve, em
verdade, a adoção de medida paliativa por parte da administração pública no
curso do procedimento administrativo, que entendeu não ser razoável manter a
suspensão integral do registro quando as impugnações diziam respeito tão
somente às entidades de ensino privadas, as quais ainda estavam sendo
analisadas”, completou.
O ministro
ainda afastou a decadência da revisão do ato administrativo do MTE, já que o
restabelecimento parcial do registro anterior ocorreu no curso do processo
administrativo, quando não se poderia falar mais em decadência.
Greve
nacional
Em greve desde
o dia 17 de maio, docentes de 47 universidades paralisaram suas atividades para
exigir do governo a negociação do plano de carreira e, dentre outras
reivindicações, um reajuste de 5% nos salários. Nessa terça-feira (29),
enquanto o STJ julgava o pleito do Sindicato Nacional, integrantes do Comando
Nacional de Greve (CNG) estiveram no Congresso Nacional para falar com
parlamentares sobre a pauta reivindicatória dos docentes das instituições
federais de ensino e participaram, na Câmara, da sessão da Comissão Especial
que está analisando o Plano Nacional de Educação.
Na ocasião, o
representante do CNG, João Santiago (UFPA), informou que a greve está forte em
todo o país e já atinge 47 instituições federais de ensino, sendo 43
universidades. Além dessas instituições, os docentes do Centro Federal de
Educação Tecnológica Celso Suckow Fonseca, no Rio de Janeiro (Cefet-RJ),
decidiram nessa terça-feira (29) paralisar suas atividades a partir da próxima
quinta (31).
As últimas
instituições que entraram em greve foram as universidades federais de Santa
Maria (RS), Grande Dourados (MS) e Tocantins (TO). Mais de 1700 estudantes da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizaram hoje uma assembleia em
que aprovaram apoio à greve dos professores.
10% do PIB
Nas visitas
que fizeram no Senado Federal, os integrantes do CNG explicaram as razões da
greve. Nos gabinetes onde não conseguiram falar com os senadores, deixaram um
conjunto de documentos explicando os motivos da greve. “Com os dois senadores
que conseguimos conversar pedimos para que eles intercedessem junto ao governo
para que fossem reabertas as negociações”, informou João Santiago.
Na fala que
fez na Comissão Especial do PNE, o professor falou sobre as razões que levara
os professores a entrar em greve e sobre a necessidade de que seja investido já
os 10% do PIB em educação. “Se hoje não há recursos para valorizar os
professores, ou para investir em infraestrutura, é porque o país investe menos
do que deveria em educação”, defendeu.
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