Quem disse que sumiu?
Manifesto da
Plenária de Brasília
No dia 5 de junho
de 2012 centenas de estudantes se reuniram na Plenária de Brasília, após uma
vitoriosa Marcha em defesa da Educação. Em solidariedade aos professores em
greve desde o dia 17 de maio pelo indicativo do ANDES-SN, os(as) estudantes
saíram das salas de aula, realizaram históricas assembléias e decretaram, de
norte a sul do Brasil, entrar em greve. O movimento grevista se alastrou como
uma onda por todo o país, representando a maior e mais forte greve da educação
federal nos últimos 10 anos, que irá se fortalecer ainda mais com a greve dos
técnico-administrativos indicada pela FASUBRA para os próximos dias. Inspirados
pelas lutas dos(as) estudantes de todo o mundo, como no Chile, Canadá e Espanha
que estão em mobilização contra os modelos de educação neoliberal ou greve
estudantil, os estudantes brasileiros se levantam e mostram que o movimento
estudantil não sumiu.
Os(as) estudantes enfrentam no dia a dia das
universidades a falta de professores, salas de aula, restaurantes
universitários, moradia estudantil, além da estrutura autoritária da
universidade, que não respeita a construção paritária entre os três segmentos
nas instancias deliberativas da universidade e nas escolhas dos(as)
representantes da universidade. Acreditamos que o modelo de educação que vem
sendo implementado, especialmente a partir do REUNI em 2007, não tem uma
destinação de verbas proporcional a expansão que é proposta. Queremos 10% do
PIB para a educação pública já e uma expansão com qualidade.
O governo Dilma, diante deste lamentável cenário,
ainda cortou nos últimos 2 anos quase 5 bilhões de reais da educação, enquanto
destinava 49% do orçamento da união para o pagamento da dívida pública e
garantia lucros exorbitantes para os banqueiros. Ao mesmo tempo é generosa com
os empresários, banqueiros e com a corrupção. No país do Cachoeira, a educação
é que vai por água abaixo. Além disso, o PNE não resolve o problema do
investimento, propondo na meta 20 apenas 7% do PIB só para 2020. É preciso, portanto,
que o movimento grevista esteja unificado nacionalmente com um objetivo claro:
cobrar do governo Dilma que negocie com os(as) estudantes. Queremos expansão
com qualidade, defendemos a valorização da educação pública e o investimento de
10% do PIB para a educação pública já. Junto com isso, devemos ampliar e
fortalecer nossa greve, para pressionar o governo federal, o MEC e as reitorias
a atender nossas reivindicações.
É com esse objetivo que nos reunimos na Plenária de
Brasília. Os(as) estudantes de diferentes universidades e institutos federais
têm eleito, em cada assembléia de base, comandos de greve para coordenar os
calendários de luta e organizar as pautas de reivindicação. Nós, reunidos na
Plenária de Brasília, a partir dos distintos comandos locais de greve,
decidimos pela construção do Comando Nacional de Greve dos Estudantes. Essa
será uma ferramenta fundamental para unificar a greve em todo país fazendo dela
uma só greve, para articular forças com os comandos dos professores e
servidores federais e para exigir do governo Dilma que negocie com os(as)
estudantes. Este Comando Nacional deve ser composto por representantes
eleitos(as) nas assembléias de base, ter um funcionamento amplamente
democrático para votar suas decisões e ser instalado em Brasília. Desde já,
convidamos todo o movimento grevista das federais a eleger seus(suas)
representantes nas assembléias e fazer uma reunião no dia 18 de junho no Rio de
Janeiro, durante a Cúpula dos Povos.
Brasília, 5 de junho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário