“Para
reitor, onda de denuncismo na UFOPA é baseada em questões político-partidárias”.
Durante
entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira, 22 de maio, na qual anunciou a
criação de mais um curso de doutorado na Universidade Federal do Oeste do Pará
(UFOPA), este em parceria com a Universidade de Campinas (UNICAMP), o reitor da
UFOPA, José Seixas Lourenço, falou sobre as denúncias que a Universidade vem
sofrendo por uma ala do Partido dos Trabalhadores, capitaneada pelo deputado
federal José Geraldo (PT/PA). "É lamentável, mas reconheço que este tipo
de ataque ocorre principalmente em ano de eleições", disse. Lourenço
reafirma sua posição: "Só se joga pedra em árvore que dá bons
frutos", referindo-se às recentes conquistas da Universidade, como, por
exemplo, o acordo de cooperação técnica assinado com o Ministério da Integração
Nacional, cujo ministro, Fernando Bezerra Coelho, esteve recentemente em
Santarém para conhecer detalhes da implantação de um dos laboratórios do Parque
de Tecnologia do Tapajós.
Em
menos de três anos de criação, a UFOPA tem muito que comemorar. De acordo com o
MEC, uma instituição de ensino superior só pode ser classificada como
universidade se ofertar pelo menos três cursos de mestrado e um de doutorado. A
UFOPA já atende a esses requisitos, e vai além, ofertando dois cursos de
doutorado, que devem começar a selecionar alunos nas próximas semanas.
Para
Lourenço, esse não é o papel que se espera de um deputado, diz, referindo-se à
onda de denuncismo. "O que se espera de um parlamentar é que apoie a
universidade com emendas, e não ataque com denúncias sem nenhuma base de
informação, pelo contrário, denúncias baseadas em desinformação". E faz um
desafio ao deputado: "Ele deveria conhecer 'a vida' da universidade,
poderia vir até aqui para esclarecer suas eventuais dúvidas. Estamos de portas
abertas".
À
época da implantação da universidade, o deputado Zé Geraldo foi um dos que se
pronunciaram favoráveis à criação da UFOPA, a primeira instituição federal de
ensino superior amazônica sediada fora de uma capital. "Nós esperaríamos
que ele fosse um deputado mais atento, que estivesse nos ajudando a construir a
UFOPA, e não adotando essa atitude de denuncismo vazio, sem apurar o que de
fato está ocorrendo nesta instituição".
Em
nota divulgada nos veículos de comunicação da Universidade e distribuída à
imprensa, o reitor já havia refutado todas as denúncias feitas pelo deputado.
"São denúncias falsas, na verdade repassaram ao deputado informações
falsas; ele está, portanto, desinformado sobre o que ocorre aqui na
Universidade". E reafirma: "Eu já me coloquei à disposição da bancada
paraense para irmos até a Câmara Federal esclarecer essas denúncias".
Ao
longo de seus 40 anos de vida pública à frente de instituições de ensino e
pesquisa na Amazônia, José Seixas Lourenço, que é ex-reitor da Universidade
Federal do Pará (UFPA), foi um dos responsáveis pela criação e implantação do
projeto de interiorização da UFPA, o qual, na década de 1980, também foi alvo
de muitas críticas e que, anos depois, virou modelo para inúmeras universidades
do Brasil. Lourenço já dirigiu instituições como o Museu Paraense Emílio Goeldi
(Belém, Pará) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA, Manaus,
Amazonas).
Durante
a conversa com os jornalistas, Lourenço citou ainda outras conquistas da UFOPA
no que se refere ao corpo docente. São mais de 200 professores atuando e, desse
total, quase a metade (42%) é constituída de doutores, um número que já
ultrapassa os índices de universidades com décadas de existência. Além destes,
a UFOPA, por meio do programa de atração de doutores seniores em parceria com a
CAPES, mantém em Santarém três professores de renome internacional, atraídos
pelo projeto inovador da Universidade, o qual é pautado pela
interdisciplinaridade. "Esses avanços incomodam alguns grupos
político-partidários", diz o reitor, que completa: "Nós, porém, vamos
continuar avançando, e trabalhar ainda mais para consolidar a UFOPA como um das
principais instituições de ensino superior do país".
Quando
questionado se pretende adotar alguma medida contra o deputado, Lourenço
esclarece, com a elegância que lhe é peculiar: "Nesses casos, o que temos
de fazer é prestar esclarecimentos. Mensalmente encaminhamos ao Ministério da
Educação relatório de acompanhamento das atividades realizadas na UFOPA".
Informa ainda sobre a auditoria de rotina por que passou recentemente a
Universidade. "Recebemos recentemente uma equipe da Controladoria Geral da
União (CGU), o que, além de ser rotina nas instituições que lidam com dinheiro
público, é uma providência muito salutar, pois os auditores têm também um papel
pedagógico e repassam muitas orientações, principalmente no caso de uma
universidade nova; prestamos os esclarecimentos necessários aos órgãos
oficiais, é para isso que eles existem e é a esses órgãos que estamos
permanentemente prestando contas".
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